Último número
A imaginação acabou. Não sinto mais força para escrever. Os coelhos que andavam pela cartola da criação tinham-se extinto ou recusavam-se a sair. Por vezes o truque não era mais do que voltar a sacar o mesmo coelho vezes e vezes de seguida. Olhava para o fundo vazio do chapéu e perguntava-me: onde estaria a imaginação?
Durante a noite sonhava palavras cheias de ilusionismo mas ao despertar um malvado encantador transformava-as em esquecimento.
Escrevia mil vezes o mesmo poema como recurso final até que o poema sofria pequenas transformações de que mal me apercebia.
Acordado sonhava números cheios de significado e um pequeno público que me escutava. Depois olhava para o vazio, fechava os olhos e voltava a enfiar a mão, como se dali ainda saltassem ideias!