Tuesday, March 13, 2007

Quarto de caçadores VIII

Entretanto esqueci-me de contar os sucessos que me levaram a sair da gigante criatura.
Acordei uma manhã, segundo me pareceu, mais digerido que nunca. Perdi desta vez mais de três minutos a lavar a cara.
Depois de lavar a cara voltei-me para a cama e vi sobre a almofada um maço de tabaco. Em letras grandes dizia: “Fumar Mata”. Ainda pensei na hipótese de alguém ou algo me querer envenenar, mas não sei porquê acabei por afastar esse pensamento. Fumei então um cigarro atrás do outro enquanto as paredes do quarto mudavam do rosa para um estranho cinzento. As paredes começaram a contrair-se, uma janela abriu-se e quando dei por estava numa esplanada quase deitado a fumar narguilé e a beber chá de maçã. À minha frente a água do rio, ao meu lado O Grande rio.
Consegui voltar áquele lugar mais tarde. Dizia Hotel do Rio à entrada, numa placa de plástico queimada pelo sol. Era estranho olhar o que antes tinha sido uma espécie de monstro e ver agora apenas um velho edifício. Ali estava a recepção, as escadas, o chuveiro e depois de atravessar o corredor, que continuava a parecer infinito, a porta do quarto, desta vez com um número, o oito.