Quarto de caçadores III
Perto da hora do sono ouvia de novo aquelas vozes que me vibravam na mente.
Um dia, por acaso, descobri umas escadas no corredor. Comecei a desce-las devagar, pois as minhas forças eram poucas, e a meio encontrei o senhor de dentes amarelos e bigode azul escuro. Sorriu-me e desta vez ouve algo que lhe entendi, embora não consiga dizer em que língua o disse: "Não há problema!". Então respondi-lhe: "Não há problema!" Ambos encolhemos os ombros.
No final das escadas havia uma hall e uma recepção.
Na recepção estava uma espécie de homem mais feito de fumo do que de carne e osso. Comecei a falar, primeiro com palavras, depois com gestos. O fumo saia e entrava do homenzinho cujos pequenos olhos jamais pestanejavam. Depois dum grande esforço da minha parte o senhor disse: "Não há problema, tome um duche. Aqui está a chave."
Peguei na chave e subi as escadas. Aquela hora o corredor era uma mistura de amarelo claro com cinzento esverdeado. Assim que acabei de subir as escadas encontrei una porta a dizer chuveiro que nunca tinha visto antes. Tanta novidade num só dia!