A Metáfora II
Lurmesh olhou o senhor, pegou num seixo redondo e estreito e lançou-o à água. A pedra deu vários saltinhos na água e afundou-se.
Então Lurmesh respondeu:
-Não sei que invisível é esse de que fala, não sei onde quer chegar com a sua conversa!
-Era precisamente aí que eu queria chegar!
As cigarras abrandaram o seu cantar por uns segundos. Um dos ramos tocou-lhe a face ao de leve. Fechou os olhos. Quando os voltou a abrir o homem estava sentado a seu lado.
-Não passas dum falsificador de poemas que julga viver na rua do imaginário!
-Mas era um conto o que escrevia!
-Armadilhas e metáforas!
-Não sei do que está a falar!
-Já tinha dito, não discutas o invisível antes de o veres!
Na outra margem uma manada de vacas descia até à margem, enfiava as patas na água e bebia. Lurmesh sentia o suor correr-lhe pela face e na sua mente um zumbido de insectos dava-lhe a sensação de ser um formigueiro inundado em que formigas tentavam a todo o custo salvar as larvas.
Ouvi então a sua voz:
-Então? Novamente perdido nos pensamentos?
-Descobri hoje que tenho em mim um velho crítico disposto a discutir as minhas novas ideias!
-E um beijo? –Respondeu-lhe Metáfora enquanto se sentava ao seu lado.